sábado, 12 de janeiro de 2008

TESTEMUNHAS DA RESSURREIÇÃO - MARIA

Maria, mãe de Tiago
Mateus 27.56, Marcos 16.1, Lucas 24.10
Fui discípula de Jesus. Mais uma, entre as muitas Marias que seguiram o Mestre. Era identificada por Maria, mãe de Tiago. Havia outra, também Maria, também mãe de Tiago. Essa era Maria Salomé, mulher de Zebedeu. Para diferençá-la de mim, diziam: Mãe de Tiago e de João.
Meu filho era Tiago, o menor. Seu pai e meu marido era Alfeu. (Bíblia Vida Nova).
A experiência de seguir a Jesus foi marcante em minha vida, como na de todos os outros e outras. Tiago decidiu acompanhar Jesus. Fui também, mas não era apenas vontade de estar perto de meu filho, e de enfrentar o que ele enfrentasse. É que Jesus tinha um carisma... Não sei explicar. Era a aparência, era a voz, era a maneira de falar, era a sua identidade com o Pai celeste, era o seu conhecimento das escrituras, era a sua autoridade, era o seu poder. O seu poder...
Ele não gostava que destacassem os milagres. Chamava sinais. Não eram demonstrações de um poder sobrenatural. Eram manifestações de seu amor, de sua compaixão, de sua misericórdia para com as pessoas.
Nós, que presenciávamos, entendíamos a dor das limitações antes, e a alegria da cura, depois. A marginalização de uma vida inteira e a integração na sociedade, quando passavam a ver, a ouvir, a falar, a se movimentar, a se mostrarem sadios e limpos. Era como se fosse em nós, como se Ele operasse maravilhas nos nossos queridos.
Uma vez, Ele interrompeu o enterro de um moço, filho único de uma viúva, em Naim. Era muito triste ver aquela mãe, tão arrasada. Mas foi uma bênção quando Jesus, espontaneamente, sem que ninguém pedisse, apenas por compaixão, o ressuscitou e o devolveu à mãe. Choramos de alegria junto com ela. Nós éramos capazes de entendê-la. Nós também temos filhos moços e sabemos como são amados e importantes.
Nossa presença no grupo, a princípio, era para servir. Era a nossa idéia de participar. Não é isso o que mulher sempre faz? E aqueles sonhadores esqueciam de comer, esqueciam de dormir, de descansar. Mas com Jesus era diferente. Homens e mulheres serviam. (João 4.8). Quando havia pouca gente, nós mesmos providenciávamos. Quando a fome apertava na multidão, só Jesus dava jeito. E não eram dezenas ou centenas de pessoas. Eram milhares! (Mateus 14.20-21).
Um episódio em que homens e mulheres serviram juntos foi o da última Ceia. (Talvez devesse chamá-la Primeira Ceia, no novo sentido que Jesus lhe deu.) A tendência é pensar que os discípulos fizeram tudo. Quem, vocês acham, que moeu o trigo e fez o pão? Quem temperou e assou o cordeiro? Quem preparou e arrumou a mesa, providenciou no vinho, nas ervas amargas, em tudo o que faz parte do ritual da Ceia? Homens e mulheres, juntos! A Páscoa para nós era uma festa da família. Homens e mulheres tinham participação.
Na crucificação, sim, nós fomos a maioria. Dos homens, só João estava ali. Nós ficamos todo o tempo junto de Jesus. Não sei como encontramos forças para isso... Dizem que mulher é fraca, não é? Todos são. Ou ninguém é, com a ajuda de Deus. Só com a força que veio de Deus, nós pudemos resistir.
Foi muito triste. De vez em quando Jesus falava. Nós lembramos de sete palavras. Sete vezes em que se preocupou com os outros ou, então, disse o que sentia.
- Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lucas 23.24).
Mulher, eis aí o teu filho. Eis a tua mãe. Para Maria, sua mãe e João. (João 19.26-27).
- Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso. Para um dos salteadores, companheiro de crucificação. (Lucas 23.43).
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Citando o Salmo 22.1.
- Tenho sede!
- Está consumado.
- Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! Citando o Salmo 31.5.
O que veio a seguir, foi muito rápido, muito apressado. Enrolaram o Senhor em um lençol de linho e o levaram para o túmulo que José de Arimatéia, seu discípulo, emprestou (Mateus 27.57). Tinha de ser um túmulo novo. O cadáver de um supliciado não podia ser posto num túmulo já ocupado, pois aí iria profanar os ossos dos justos. (Bíblia de Jerusalém). E também para se cumprir a profecia de Isaías (Isaías 53.9). Assim, Jesus teve sepultura de rico. Mas enterro de pobre. Pouquíssima gente o levou até o jardim.
Que vontade de lavar, de limpar o sangue dos cabelos, da testa, derramado pela coroa de espinhos... Que vontade de lavar as mãos e os pés, ensangüentados pelos cravos... Que vontade de fechar o ferimento do lado, quando uma lança foi arremessada contra Ele... Nada pudemos fazer, naquele momento. Nem a tristeza permitiu que compreendêssemos que aquele sangue foi derramado por nós, para o perdão dos nossos pecados. Nossos e de toda a humanidade.
O episódio da Ressurreição do Senhor tem sido muito comentado, na pregação de mensageiros e mensageiras do amor de Deus. E precisa ser. Toda a vez que se falar no sacrifício de Jesus, tem de ser mencionada a parte que veio a seguir. Não é bom separar morte e Ressurreição. Jesus sempre se referiu às duas, juntas. Se é verdade que Jesus morreu, também é verdade que Ressuscitou. E eu sou testemunha de ambas.
Foi assim: Na madrugada do primeiro dia da semana, enquanto todos dormiam, Maria Madalena, Joana e eu sentimos a necessidade de ir ao túmulo, levando especiarias para ungir o corpo do Senhor. Era como se um imã nos atraísse para lá. Ou como se uma força nos impelisse naquela direção.
Ao chegarmos, a decepção e o medo, ao ver a pedra removida e o túmulo vazio. A surpresa, ao ver o anjo, que nos conduziu ao lugar onde Ele jazia e nos tranqüilizou, ao anunciar a sua Ressurreição. Finalmente, o anjo disse que devíamos contar aos discípulos a boa notícia, ordenando-lhes que fossem para a Galiléia, para ver o Senhor.
Foi o que nos preparamos para fazer, exultantes de alegria. Saímos do túmulo e nova surpresa: Jesus mesmo veio ao nosso encontro. Caímos de joelhos, abraçamos seus pés e o adoramos! (Mateus 28.1-10).
Poderíamos ter ficado paralisadas pela emoção, mas por amor a Jesus obedecemos sua ordem de ir até onde estavam os discípulos. Sabe qual foi a reação deles? Não acreditaram, disseram que era tolice, imaginação de mulher. Só depois que foram ao túmulo, é que creram.
Não quero que aconteça o mesmo com você. Aceite a minha palavra.
Creia nisto:
Jesus vive. Ele ressuscitou.
Eu sei. Eu vi o Senhor.

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