sábado, 12 de janeiro de 2008

TESTEMUNHAS DA RESSURREIÇÃO - JOANA

Lucas 8.1-3, 23.50-56 e 24.1-12;22-24

Fui discípula de Jesus e o acompanhei desde a Galiléia. Éramos um grupo de mulheres. Algumas foram curadas de enfermidade, outras libertadas de possessão demoníaca.
O meu caso era um pouco diferente. Eu era bem conhecida, porque antes fazia parte da Corte do Rei. Era sempre apontada e identificada no grupo de Jesus:
- Aquela é Joana, mulher de Cuza, Procurador de Herodes.
Gostavam de destacar minha presença para mostrar que Jesus empolgava em diferentes classes sociais e políticas. Na religiosa também. Embora mais discretos, escribas e fariseus constantemente o procuravam.
Eu participava da vida da Corte, acompanhando meu marido. Achava natural desfrutar dos privilégios do poder. Manobras, artimanhas, disputas políticas nem chegavam ao meu conhecimento. Era assunto dos homens. O que interessava é que nós estávamos acima do povo. E acima de nós, só o Rei.
Bem, o título de Rei era apenas uma cortesia, um costume. Na verdade, Herodes Antipas, filho de Herodes – o Grande, era um Tetrarca, pois reinava sobre uma quarta parte do País, na Galiléia e na Peréia. Mas todos o chamavam Rei e nosso dever era homenageá-lo, reverenciá-lo, obedecê-lo.
Alguém começou a criticar Herodes e a expor os seus pecados. Era um jovem Profeta, chamado João. Ele denunciava e censurava o rei por seu casamento com a cunhada e por todas as maldades que havia feito. (Lucas 3.19).
Isso era novo para nós. O Rei estava além de qualquer julgamento. Ele detinha poder e sua vontade era lei. Até entendemos que Herodes mandasse prender João, o Batista. A intenção era intimidá-lo, para que se calasse. Mesmo os Reis mais arbitrários respeitavam os profetas e Herodes sabia que João era justo e santo (Marcos 6.20). Esperávamos que fosse libertado em breve.
Chegou o dia do aniversário do Rei. Todos os anos era comemorado com grande festa. Muitos e importantes convidados compareciam. Acrobatas, músicos, poetas, dançarinos eram contratados. Naquele ano, a atração principal foi Salomé, filha de Herodias e enteada do Rei. E no meio de tantas luzes, tanta beleza, tanta alegria, o pedido que Salomé fez – a cabeça de João Batista. (Marcos 6.21-29).
O banquete teve um fim macabro. O ambiente ficou muito pesado. A maioria lamentou estar na festa. E o Rei ficou vulnerável. Intimamente, todos o censuravam.
Meu descontentamento era total. Não estava mais orgulhosa da alta posição de meu marido. Não me sentia mais segura no palácio. Nem o Rei nem a Rainha contavam com a minha aprovação. Não os admirava mais. Agora os temia.
Eu já sabia da existência de Jesus. Por curiosidade, quis ouvi-lo. Fiquei fascinada com o seu discurso e com os seus milagres. A popularidade de Jesus só crescia. Multidões o seguiam. Como os outros, ao saber que Ele era descendente de Davi, achei que ali estava o líder de que precisávamos. Resolvi segui-lo também e, assim, troquei de Rei. Deixei o violento e adotei o bondoso e misericordioso. Estava tão claro que naqueles dias se cumpririam as profecias de redenção de Israel... E ali estava o Enviado, o Prometido, o Filho de deus.
Meu marido apoiou a decisão e até me deu algum dinheiro porque mulher não tinha bens. E, assim, eu ajudava a manter o grupo em suas andanças, de cidade em cidade, de aldeia em aldeia.
Era uma alegria seguir a Jesus. Ele nos surpreendia com palavras, com atitudes, com manifestações do seu poder. Ele espalhava idéias novas, que obrigavam a pensar. Ele dava uma nova visão do reino de Deus. Ele semeava esperança nos corações. Ele curava. Ele libertava. Ele até ressuscitou uma menina, um jovem e um amigo. Nós éramos testemunhas de seus maravilhosos sinais e glorificávamos a Deus por nos permitir presenciá-los.
Para conter um pouco o nosso entusiasmo, às vezes Ele falava em sua morte e ressurreição. Ao ouvir a palavra morte, nós bloqueávamos o entendimento de suas palavras. Não gostávamos que falasse assim.
E, então, quando se dirigia a Jerusalém para a celebração da Páscoa, o povo começou a aclamar com uma saudação messiânica e a jogar capas, ramos e flores, para que passasse.
Hosana! Hosana! bendito o que vem em nome do Senhor! (Salmo 118.25-26).
Ele montava um jumentinho, como sinal de que vinha em paz e para cumprir as palavras do Profeta Zacarias. (João 12.15). Era tão espontânea a manifestação do povo! Jesus, finalmente, permitiu que o identificassem como o Messias. Foi emocionante!
Pois naquela mesma semana, como havia dito, foi entregue aos que o buscavam, para o matar. Ele foi crucificado. Um dia terrível para todas nós. Estivemos junto dele todo o tempo, assistindo a sua agonia. Sabíamos que aquela tortura poderia durar dias.
Mas à hora nona, Ele expirou. José de Arimatéia, também seu seguidor, teve a idéia de pedir autorização a Pilatos para tirá-lo da cruz. Apesar de esse não ser um direito dos crucificados, Pilatos consentiu. Havia pouco tempo para enterrá-lo. As comemorações do sábado já iam começar. Na pressa, Ele foi enrolado em um lençol e deixado no túmulo. (Isaías 53.9).
Esperamos que passasse a Páscoa e, no primeiro dia da semana, fomos preparar o nosso Mestre, ungi-lo com aromas e bálsamos. Bem cedo, chegamos ao jardim. A pedra enorme e pesada estava removida e o túmulo estava vazio. Anjos nos deram a boa notícia da sua ressurreição. Como num relâmpago, suas palavras voltaram às nossas mentes. O que havia dito, realmente aconteceu. Deixamos tristeza e medo no túmulo e, cheias de alegria, fomos repartir as boas novas com os discípulos.
E hoje estou aqui para contar o mesmo a você.
Eu só queria seguir a Jesus. Mas pelo seu poder e pelo seu amor, ele me transformou em testemunha da sua ressurreição.
Creia nisto:
Jesus vive. Ele ressuscitou.
Eu sei. Eu vi o túmulo vazio.

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