sábado, 12 de janeiro de 2008

DÉBORA

Juizes 4 e 5


Profetisa, mulher de Lapidote. Seu nome significa abelha. A época dos Juizes, em Israel, situa-se entre 1250 e 1050 AC. Débora viveu dentro desse período. De acordo com os registros históricos, a batalha que é mencionada ocorreu no século XI AC.
A mulher, nessa época, ocupava uma posição muito secundária e inferior. Débora deve ter sido orientada, desde a infância, para dedicar-se aos afazeres domésticos, à fabricação de tecidos, à função de armar e desarmar tendas. A habilidade de Jael, no versículo 21, usando estaca e martelo para eliminar Sísera, reforça a idéia de que esse trabalho, normalmente, pertencia às mulheres. Mas a Débora estava reservado outro papel.
Seu povo, depois da saída do Egito e da ocupação da terra prometida, vivia ainda sob uma estrutura tribal e estava perdendo a unidade. Estava se deixando influenciar pelos povos vizinhos, adotando o culto a seus deuses. Nessa época, suscitou o Senhor juizes - cap. 2.16. Eram “líderes militares com poder sobrenatural. Renderam serviços às tribos que, por sua vez, lhes conferiam a posse vitalícia do governo”.
Débora era um magistrado no sentido normal. O povo buscava a sua sabedoria nos juízos que proferia. Atendia sob uma palmeira, entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim. Profetisa como Miriam, (Êxodo 15.20), Débora distribuía justiça em nome de Jeová. Despertava tal confiança, que Baraque exigiu sua presença na batalha contra Sísera apesar da ordem do Senhor:
- Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei, porque não sei em que dia o anjo do Senhor me fará bem sucedido.
Baraque desejava poder consultar o Senhor, por meio de Débora, durante a guerra.
Era flagrante a inferioridade numérica e a falta de armas e de preparação militar de Israel para enfrentar seus inimigos, mas, sob a proteção de Deus e o comando de Débora, o povo lutou, venceu e a terra ficou em paz por quarenta anos.
Débora compôs um cântico de vitória, reconhecido como um dos melhores, preservado na literatura hebraica. É uma das peças poéticas mais antigas, composta logo depois dos acontecimentos que descreve. O cântico exalta o Senhor, que os livrou dos inimigos, destaca as tribos que ouviram o apelo de Débora e repreende as que não se apresentaram para o combate.
Não há referência a filhos de Débora, mas ela é chamada Mãe em Israel (Juizes 5.7).
Sua firmeza nos julgamentos e sua capacidade de liderança fizeram com que alcançasse destaque e fosse amada e respeitada. Exerceu sua atividade em um período difícil para a vida do país. A instabilidade era muito grande, a violência era uma triste realidade. Mas Débora promoveu a paz. Débora manteve o povo em paz. O povo sabia que podia confiar na liderança de Débora, uma mulher de fé, que multiplicou sua capacidade a serviço de Deus e do seu povo.
A paz só existiu porque os direitos eram respeitados e se firmava na justiça.
A partir do estudo sobre Débora, podemos analisar o seguinte:
A mulher com dons especiais, com capacitação especial. A mulher que estuda, que trabalha fora. A advogada na defesa de direitos – das pessoas, da família, da sociedade. Depois de muitos anos de estudo, muitas guardam o diploma e não exercem a profissão. Está certo?
Numa época em que a mulher não era nem contada (mesmo no tempo de Jesus, séculos depois, ainda não era contada entre as multidões – Mateus 14.21 e Marcos 6.44), terá sido fácil destacar-se como Débora e ter seu trabalho reconhecido?
Por que houve paz durante 40 anos? É possível existir paz tão duradoura, sem respeito aos direitos humanos? Teria sido possível manter a paz pela força das armas, pela superioridade do exército de Israel, nos dias de Débora?
É possível à mulher promover a paz?

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