sábado, 12 de janeiro de 2008

A MULHER CURVADA

Lucas 13.10-17

Era sábado, dia de descanso. Jesus estava na sinagoga, ensinando. Muitas pessoas estavam ali também. Homens e mulheres tinham vindo para louvar ao Senhor, ouvir os textos sagrados, repetir os Salmos e as orações tradicionais. Eram os sacerdotes e o povo mantendo viva a fé. Todos os habitantes da cidade deveriam estar ali, com sua melhor roupa, com a túnica mais bonita, como convém à casa do Senhor.
As pessoas, muito compenetradas, nem notavam quem estava ao seu lado, ou ao seu redor. Para que? Eram sempre os mesmos. Mas Jesus via a cada um. E Ele notou alguém diferente. Ele percebeu uma pobre mulher com dificuldade de caminhar, de encontrar um lugar na sinagoga. Era um mulher doente, que andava curvada.
Dezoito anos de limitação física e emocional. Dezoito anos de sofrimento, vergonha e dor. Dezoito anos olhando para o chão, vendo só terra, pedras, pés. Quantas vezes teria sido objeto de piedade ou de zombaria? Quantas sugestões de tratamento teria recebido? Quantos remédios teria tomado? Quantas referências a castigo por seus pecados? O jeito tinha sido se conformar. Talvez ela pensasse que essa era a vontade de Deus para ela. O melhor a fazer, então, era aceitar. A deformidade afastou a alegria. A tristeza tomou conta de seu coração. E já não havia esperança.
Provavelmente ela não viu Jesus. Só ouviu a sua voz. Mas Ele a viu e teve misericórdia dela.
Gosto muito da origem dessa palavra misere – misturar e córdis – coração. Jesus misturou o seu coração com o dela, sentiu todo o seu sofrimento e agiu para modificar a situação. Ela não pediu. A iniciativa partiu dele. Ele a chamou e libertou-a da sua enfermidade.
Posso imaginá-la alegre, feliz, agradecendo, louvando, talvez beijando as mãos de Jesus. Parentes e amigos também devem ter se alegrado com ela. Mas alguém não gostou. O chefe da sinagoga não acompanhou a alegria de todos. Ele ficou indignado. O pretexto para a sua irritação estava no dia. Era sábado, dia de louvor e de descanso, somente.
A reação dele trouxe a oportunidade para que Jesus realizasse outro milagre, o da nova visão, que alcançou a mulher e todos os presentes:
- Todos os dias pertencem a Deus e não há limites para a ação de Jesus.
- As instituições, como o Sábado, tem de estar subordinadas ao bem-estar das pessoas. Elas existem para servir a Deus e a todos os que o buscam.
- A doença não vem pela vontade de Deus. A ação do Senhor não está na origem, mas na cura da doença.
- O poder de Deus é libertador.
- A sua misericórdia é uma realidade.
- Para nós, cristãos freqüentadores da Igreja, além dessas, ficam outras lições:
- A vontade de Deus é que ninguém sofra limitações em seus movimentos. em suas funções, em seus sentimentos.
- Não é da vontade de Deus que a mulher viva curvada. Ela tem o direito de assumir a sua estatura, diante dele e das pessoas. Obrigar uma mulher a andar curvada e mantê-la assim, vem de Satanás.
- Andar curvada não condiz com a vida abundante, plena, total, que Jesus veio trazer.
- A necessidade de usarmos de misericórdia para com os outros. É preciso olhar e ver as dificuldades de quem está próximo de nós. Perceber, identificar-se no sentir e agir, em nome de Jesus. Porque o seu poder libertador continua em ação. Como foi ontem, é hoje e será para sempre.
- Andar de cabeça erguida é a vontade de Deus para todos nós.

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