sábado, 12 de janeiro de 2008

A MULHER E A BÍBLIA

Juizes 4-5, Atos 18:2; 18:18; 18:24-28,
Romanos 16:3-4, I Coríntios 16:19,
Gálatas 3.28, II Timóteo 4:19

Há algum tempo, venho estudando a participação da mulher no Plano de Deus. E percebi que, nas Igrejas, se dá mais ênfase aos heróis da fé - embora as mulheres constituam a grande maioria dos fiéis.
Entre as heroínas do antigo Testamento, destaco Débora, a grande líder, a juíza com atribuições políticas, militares, e religiosas. Tanto poder, concentrado em uma só pessoa, poderia conduzi-la à tentação de usar a força para impor sua autoridade. Mas, com Débora, se deu o contrário: por ser temente a Deus e profetizar em nome do Altíssimo, a juíza, em vez de suprimir direitos, tinha a preocupação de garanti-los. Da fé no Deus único e verdadeiro, lhe veio a sabedoria. Da sabedoria, a promoção da justiça. Da justiça, veio a paz, que durou 40 anos ! É que o povo que tem seus direitos respeitados pode trabalhar e viver em paz, promovendo o bem comum, o desenvolvimento e o progresso.
Humildemente, debaixo de uma palmeira, a liderança de Débora se afirmava pela aplicação da Lei, em benefício do povo. Ela não consultava livros, nem acórdãos, que não existiam. Os códigos estavam gravados em sua mente e em seu coração. Na base de seus julgamentos, havia, além do pleno conhecimento da tradição e das leis, o sentimento, a emoção. Por isso, o povo confiava nela.
Casada, Débora, também não deve ter se descuidado dos afazeres domésticos. E, para completar, revelou-se uma grande poetisa. Suas sentenças, como juíza, não estão registradas na Bíblia, mas o cântico que compôs para comemorar a vitória sobre Sísera diz de sua sensibilidade, de seu patriotismo, de seu valor e de sua fé.
No Novo Testamento, há muitas outras mulheres que servem de exemplo. Quero destacar Priscila, a mulher companheira, habilidosa, hospitaleira, interessada em aprender a Palavra de Deus. Solícita, não achou difícil hospedar o Apóstolo Paulo, em Corinto. Hospedagem longa, que lhe permitiu crescer e aprender. Amiga e colaboradora, dispôs-se, com o marido, a viajar para Éfeso, acompanhando Paulo. Corajosa. correu os mesmos riscos e enfrentou com eles as mesmas dificuldades. Confiante em seus conhecimentos e em sua capacidade, foi professora de Teologia de Apolo, que conhecia até certo ponto a história da Salvação. Junto com Áquila, Priscila foi responsável pela conversão desse grande orador, que se tornou pregador e até atraiu seguidores. Desprendida, reunia a Igreja em sua casa, em Roma. Missionária, fez-se credora do amor, do respeito e da gratidão dos não-judeus. Algumas vezes, na Bíblia, o nome de Priscila é citado antes do de Áquila. E, no diminutivo, o que dá a medida da importância do trabalho que realizou e do carinho que lhe dispensavam.
Hoje, a mulher cristã continua a participar do Plano de Deus para o mundo. No lar, a partir de seus filhos, conduz a criança nos caminhos e no temor do Senhor. Na sociedade, além do testemunho de fé, tem levado a Palavra de Deus onde exerce sua atividade - no trabalho em escolas, em repartições públicas, em hospitais, no comércio, em instituições de assistência social e em tantos outros lugares. Muitas vezes, seu trabalho é anônimo. Mas, com humildade, fé e muito amor, a mulher divulga o Livro Sagrado.
Atualmente, às portas do século XXI, a mulher trabalha na Igreja de acordo com as oportunidades que tem. Se a sua comunidade religiosa não a discrimina, pode desempenhar as mesmas tarefas realizadas por seus irmãos, clérigos e leigos - ocupando posições de liderança, inclusive. Discriminada, no entanto, a mulher recebe apenas encargos semelhantes aos que já cumpre em casa, durante a semana: arruma, enfeita, cozinha, lava, costura e serve. E é ela quem ajuda a manter viva a Igreja, através do trabalho e da oração.
Fico imaginando que, hoje, Débora e Priscila não teriam destaque em muitos grupos cristãos, simplesmente por falta de oportunidades. Quanto a Igreja tem perdido, sufocando e enterrando talentos, mutilando o corpo de Cristo, impedindo que a mulher participe! Mas, graças a Deus, há os que somam e multiplicam, sem discriminação, compreendendo que Deus não faz acepção de pessoas e que o Espírito Santo, no Cenáculo, comissionou a todos os discípulos e as discípulas que, com fé, mantiveram a esperança nas promessas de Jesus.
Pois é como escreveu o apóstolo Paulo: ... não há diferença entre judeus e não-judeus, entre escravos e livres, entre homens e mulheres ... (BLH - Gálatas 3.28). Porque todos nós somos um em Cristo Jesus.

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