sábado, 12 de janeiro de 2008

NOÉ, NEIMA, SEUS FILHOS E NORAS

Gênesis 6,7,8,9

O nome dessa mulher, Neima, não está em nossa Bíblia. Ele aparece na tradição judaica. Como é que eu sei? É um sonho antigo que estou realizando agora. Sempre achei que judeus e cristãos deveriam estar mais próximos no estudo do Velho Testamento. Graças à televisão a cabo, posso assistir a programas, nos quais participam rabinos e teólogos cristãos. Bem como eu pensava e queria.
No programa sobre Noé, a surpresa do nome de sua mulher e de outros dados, que vou resumir aqui. Primeiro vou contar sobre ele, depois entro com a minha parte, sobre ela e os outros.
Noé, desde o seu nascimento, foi uma criança diferente, até no aspecto físico. Tinha os cabelos brancos. Ficou em pé, caminhou e falou antes dos outros. Ainda era menino e Lameque, encantado com a inteligência e a capacidade do filho, levou-o ao avô, Matusalém. Esse consultou Enoque, o bisavô. Como sabemos, ele não tinha morrido. Fora trasladado (Gênesis 5.24-52 e Hebreus 11.5). Enoque disse que aquele menino era especial. Andaria com Deus, seria Profeta e salvaria a humanidade. Lameque deixou o filho com o avô. Matusalém instruiu Noé, ensinando-lhe sobre a história da criação, sobre seus antepassados, sobre engenharia, construção e plantação. Achei muito terna e emocionante essa parte: o neto ouvindo do avô sobre o poder e o amor de Deus, sobre as tradições da família, sobre assuntos que lhe seriam úteis, mais tarde.
Já ouvi alguém dizer que achava triste a vida de Matusalém. Dele, a Bíblia só diz que foram seus dias 969 anos, e morreu. (Gênesis 5.27, Lucas 3.37). Não fez nada, nada deixou. Deixou, sim. Deixou aos filhos e filhas, aos netos e netas, uma herança de fé.
Continuando. Noé se revelou um homem justo e íntegro. Ele andava com Deus (capítulo 6.9). E achou graça diante do Senhor. Depois que teve a revelação de que a Terra seria destruída e que os seus habitantes pereceriam, Noé tratou de obedecer fielmente às instruções de Deus. A primeira providência: fazer uma plantação de determinada árvore. Noé era lavrador (Gênesis 9.20). Cem anos depois, elas atingiram 50 metros de altura. Com elas, Noé poderia começar a construção da Arca.
E agora já posso falar da família do Profeta.
Já vimos que ele era uma pessoa muito especial. O mesmo se pode dizer de sua esposa. Como criou bem os filhos! Sabemos que essa era uma tarefa das mulheres. Que família unida! Que relacionamento bom entre os pais, os filhos e, mais tarde, as noras. Noé recebeu missão especial, mas a esposa e a família foram decisivas no cumprimento dela. Só com a ajuda da mulher e dos descendentes é que Noé pode completar o seu trabalho. Enquanto trabalhavam, Noé pregava sobre a justiça de Deus. Os contemporâneos riam e ridicularizavam a construção da Arca em tempo de seca. É difícil trabalhar e continuar trabalhando sob o riso e o descaso dos outros. Mas nenhum pensou em desistir. “Ninguém é profeta em sua terra”, citou Jesus. Pois Noé conseguiu ser Profeta na família. Dela, só recebeu apoio e colaboração. Mulher especial, filhos especiais, noras especiais.
Outra contribuição do rabino: Noé inventou ferramentas para executar esse imenso projeto de engenharia naval.
E eu pergunto:
Ainda não eram usados os metais. Como Noé serrou as árvores, fez tábuas, pregou-as e fixou-as? Como levantou tamanho peso? A Arca media 300 côvados. Mais ou menos 150 metros de comprimento, 25 de largura, 15 de altura. Ou ela seria diferente dos desenhos que conhecemos? Talvez não fosse pregada, mas amarrada, como as antigas embarcações no Egito e no Peru, que surgiram milhares de anos depois. É uma hipótese.
Depois da construção terminada, temos de imaginar o trabalho que deu recolher os animais e conduzi-los para dentro da Arca. Sabem por que vieram docilmente, calmamente e conviveram em paz, durante o dilúvio? Porque a humanidade, até então, era vegetariana. Só depois do dilúvio é que começou a se alimentar de carne (capítulo 9.2 e 3). Como não eram caçados, os animais eram mansos e não tenham medo das pessoas.
Novamente foi preciso a ajuda de todos, para conseguir colocar os pares de animais, alimentação e água na Arca. Ela foi dividida internamente, em partes. (capítulo 6.14). além dos três pavimentos, havia dois quartos – um para os homens e outro para as mulheres. Também entre os animais, houve separação entre machos e fêmeas. Não sabiam quanto tempo ficariam ali e não podiam correr o risco de ver o número de seus ocupantes aumentando. O peso seria muito maior e a Arca não agüentaria.
Terminadas essas tarefas, no dia dezessete do segundo mês, começou a chover. A família entrou e o Senhor fechou a porta. (capítulo 7.16). Outra parte em que não pensamos, é na angústia, ao ouvir os gritos e o clamor dos que iam perecer. Noé e os seus deveriam ter ficado muito tristes. Pessoas tão boas devem ter sentido a morte dos vizinhos e amigos, que eles não tinham condições de socorrer.
Também temos de pensar na agitação das pessoas e animais, ouvindo raios e trovões, sentindo a Arca balançar e se inclinar, sob o impulso das águas. Os animais urrando, zurrando, uivando, latindo, miando, mugindo, crocitando, cacarejando, silvando. Que barulheira! E foram quarenta dias de temporal...
Depois a chuva parou, mas no cap. 8, os versículos 4 e 5 falam nos meses em que eles ficaram fechados, esperando que as águas baixassem. Foi muito tempo! Deve ter se estabelecido uma rotina de trabalho: hora de levantar, hora de louvar e orar ao Senhor, hora de alimentar os animais, hora da limpeza, hora de recolher os ovos, hora de cozinhar, hora de comer, hora de descansar, etc., etc.. A rotina ajuda a passar o tempo. (Estou usando a hora como um período de tempo. Naturalmente, os relógios não existiam.)
E toda a família trabalhando. E toda a família ajudando.
As águas foram baixando, aos poucos. A Arca repousou sobre as montanhas de Ararate (capítulo 8.4). Ninguém sabe onde fica. Desconfiam que seja em uma cordilheira na Armênia. Veja no mapa a distância que a Arca percorreu, da Mesopotâmia até essa região. O sonho dos arqueólogos é descobrir vestígios de madeira entre as rochas desses montes.
Noé soltou um corvo, uma pomba e outra pomba. Esta última voltou com um ramo de folha nova de oliveira no bico (capítulo 8.11). Que distância ela percorreu, da montanha até um vale onde havia oliveiras? Precisamos salientar a resistência dos vegetais, sobrevivendo ao dilúvio. Danadas, as árvores. São os seres vivos que mais crescem. Compare a altura de uma criança de 5 anos com a de uma árvore da mesma idade. São os seres que mais resistem. Mesmo depois das queimadas, plantas brotam na terra. São os seres que mais vivem. Há árvores com 200, 300 anos.
Aos vinte e sete dias do segundo mês, a terra estava seca (capítulo 8.14). Depois de um ano, puderam sair. Noé levantou um altar para adorar o Senhor e agradecer a salvação de sua família. Deus falou com eles, abençoou-os e prometeu não mais destruir a Terra com dilúvio.
Enquanto o mundo existir, sempre haverá semeadura e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite. (Bíblia na Linguagem de Hoje). Deus estabeleceu uma aliança com os seus escolhidos e com toda a humanidade. O sinal foi o arco-íris. Depois de tanto tempo de trabalho e de angústia, a beleza do sinal do amor de Deus em cores, no céu. Quando o arco-íris aparecer nas nuvens, eu o verei e me lembrarei do acordo que fiz para sempre com todos os seres vivos que há no mundo (capítulo 9.16 – BLH).
Noé e Neima, Sem, Cão, Jafé e as respectivas esposas iniciaram a tarefa de habitar e administrar a Terra. Era como se a criação estivesse começando. Com a diferença de que, desta vez, não começou com um casal desobediente, mas com uma família temente a Deus, provada e aprovada em dura experiência de fé. Temos de citar essa família sempre em conjunto. A começar pelo casal. Falando em um, é preciso falar no outro. Porque o apoio da esposa foi fundamental na missão de Noé. E o dos filhos e noras também.
Graças a essa família unida, salvaram-se:
- a História, que os antepassados transmitiram a Noé e que ele passou a seus descendentes.
- plantas e sementes que Noé guardou. Muitas serviram de alimento, mas muitas sobraram.
- os pares de animais, que se espalharam e se multiplicaram na Terra.
- os casais.
No nosso tempo, quando há tantas mensagens ecológicas, de proteção à natureza e aos seres vivos, acho essa história muito importante. Precisa ser contada mais vezes.
Tudo passa e o dilúvio passou. Mas o amor de Deus permaneceu.
Porque Deus é bom e a sua misericórdia dura para sempre e de geração em geração a sua fidelidade (Salmo 100.5).

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