sábado, 12 de janeiro de 2008

PRISCILA

Atos 18.1-3

É uma cristã notável, que marcou sua presença na Igreja Primitiva. Paulo também a chama Prisca, na II Carta a Timóteo 4.19.
Mulher de Áquila, o Águia, cidadão natural do Ponto, província do norte da Ásia Menor, na costa meridional do Mar Negro. Formavam um casal bem ajustado e unido. Companheiros, seus nomes sempre aparecem juntos. Ora o dele, ora o dela precedendo o do outro, mas sempre juntos.
O Apóstolo Paulo os encontrou em Corinto, vindos de Roma, de onde os judeus tinham sido expulsos pelo Imperador Cláudio, por conflitos entre judeus e cristãos.
Ambos eram fabricantes de tendas, ou melhor, trabalhadores em couro, ofício a que também Paulo se dedicava. E houve tal afinidade entre Paulo e o casal, que o Apóstolo passou a morar com eles.
Corinto era um grande centro comercial, com ancoradouro duplo. Foi destruída em146 AC e somente um século depois, no ano de 46 AC, foi reconstruída por Júlio César, que fez dela uma colônia romana. Era famosa pela baixa moralidade. Estabelecer a Igreja ali foi um grande desafio.
Paulo permaneceu em Corinto por dezoito meses – 1 ano e meio, desde o inverno de 49-50 da nossa era. Ele vinha de Atenas, onde pregou sobre o Deus desconhecido e onde não fundou Igreja. Como era seu costume, usou a sinagoga de Corinto, no início, para os seus ensinos. Como era costume, também, logo os judeus começaram a combatê-lo, embora Crispo, o principal da sinagoga, tivesse crido no Senhor e se convertido, com toda a sua casa.
Quando Paulo saiu de Corinto, na direção da Síria, levou consigo Priscila e Áquila e os deixou em Éfeso. Estava chegando ao fim a sua segunda viagem missionária.
Foi em Éfeso que o casal conheceu Apolo, um judeu de Alexandria, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras. Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João. Atos 18.24-25.
Apolo revelava grande poder de comunicação, mas sua mensagem não era completa. Pregava a Jesus, mas conhecia até o batismo de João, que “era um rito preparativo, confirmando arrependimento e prontidão para a vinda do Messias”. Faltava a ele o conhecimento da continuação da história, do cumprimento das outras profecias em relação a Jesus, confirmando ser ele o Cristo. Faltava a ele o conhecimento dos ensinos de Jesus.
Priscila e Áquila, ao ouvi-lo, tomaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus. Atos 18.26.
Os hospedeiros e amigos de Paulo, que aprenderam com ele a história de Cristo, instruem agora o grande mestre, completam a sua formação, contribuindo para que ele se tornasse mais um grande anunciador da Palavra e da salvação em Jesus. Estavam repartindo com Apolo o que haviam recebido de Paulo, durante a convivência que tiveram com ele. Quando Apolo, agora em condições de anunciar o Evangelho, desejou prosseguir viagem, os irmãos enviaram cartas aos amigos cristãos de Corinto, pedindo que o recebessem.
O pregador que recebera instrução de Áquila e Priscila se tornou tão importante para o trabalho, que alguns tentaram formar partido em torno dele. Ao tomar conhecimento do fato, Paulo escreve aos coríntios, eliminando qualquer possibilidade de competição ou rivalidade entre eles. Repreende a Igreja daquela cidade, perguntando se, acaso, Cristo está dividido – capítulo 1,13. E mais adiante: Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus. (I Coríntios 3.6-9). Afirma que Apolo e ele são cooperadores de Deus. No versículo 22, menciona Apolo novamente. E no final dessa Carta, no capítulo 16.12 chama-o irmão.
Mais tarde, recomenda-o também na Carta a Tito, dizendo que não deseja que lhe falte alguma coisa. (Tito 3.13).
Priscila e Áquila permaneceram em Éfeso até o ano de 55. Dois anos mais tarde estariam em Roma, quando Paulo escreveu sua carta aos cristãos daquela capital (Romanos 16.3-5). Lembra o quanto eles o ajudaram, arriscando suas cabeças pela vida dele. E saúda a Igreja que se reúne na casa deles.
Quantas pessoas mais, além de Apolo, foram instruídas por esse casal? Quantos pregadores e pregadoras da Palavra de Deus se formaram, sob a orientação deles?
Tenho um carinho muito especial por Priscila, a grande serva de Deus. Ela é uma prova da presença da mulher no ensino teológico, na Igreja Primitiva. Não só suas mãos, mas sua inteligência também estava a serviço da Igreja. Mesmo enfrentando dificuldades e perseguições.
A partir desse estudo, gostaria que o grupo analisasse o seguinte:
A mulher na pregação e no ensino teológico. A Igreja, como ambiente, é um prolongamento do nosso lar, mas não devemos exagerar. Não precisamos fazer na Igreja exatamente o que nos cabe em casa. Na Igreja Primitiva foram escolhidos seis homens – os diáconos – para servir às mesas e providenciar na distribuição diária do necessário para todos. (Atos 6.5). É fácil entender que sobrasse tempo para a mulher se dedicar a outras tarefas, não? Em nossos dias, Priscila talvez se dedicasse a organizar almoços, chás, bazares de panos de pratos, em vez de ajudar na pregação e na formação de novos pastores e pregadores. Homens e mulheres. Agora responda:
- Priscila teria acesso ao púlpito da igreja que você freqüenta, para pregar o Evangelho e anunciar a salvação em Jesus?
- Haveria lugar para ela, como professora, nas Faculdades de Teologia?
Febe, uma outra grande mulher dos primeiros tempos do cristianismo, alcançou postos de liderança na Igreja. (Romanos 16.1). Ela esteve à altura das exigências que o Apóstolo Paulo registra em I Timóteo 3.1-13, para os homens e as mulheres. Nos nossos dias teria acontecido o mesmo? Febe contaria com o voto de seus irmãos e irmãs para exercer cargos na direção da Igreja?
O trecho da carta aos Gálatas, capítulo 3.26-29 permite discriminação à mulher no trabalho do Senhor?

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